Numa tarde ensolarada, Luna rabiscava qualquer coisa num caderno antigo e ligeiramente comido pelas traças.
O ar estava parado, levando incessantemente ao tédio. Ela já mal conseguia mexer os pulsos, então largou a caneta e adormeceu.
Fechou os olhos e se imaginou numa praia, noite e andando de mãos dadas com alguém que como ela, adora conversar. Fazia um vento brando que carregava as nuvens pra lá e pra cá, tampando e destampando a lua. Ah, e tantas estrelas, de todos tamanhos e jeitos, umas que piscavam fortonas e outras tão pequeninas que pareciam se mexer. Quando se cansaram, deitaram na areia abraçados a fim de ouvir o coração um do outro e suspiraram como apaixonados.
O suspiro foi tão alto que eles viraram balões e subiram ao céu. Viram luzes claras, no tom da redenção, nuvens coloridas, elefantes azuis com bolinhas brancas, coca-colas dançarinas, peças de roupas transitando entre papagaios e piriquitos transvestidos de zebra. Nossa, o céu é mesmo maluco.
Então abriu os olhos e deu de cara com o branco do teto.
Pensar estraga mesmo a brincadeira.
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