Cristais

cristal

reflete
dentro

dos teus
olhos

mas, quando as mãos o tocam
se esfarela pedra rara

o brilho
está no desejo

se concreto:
ilusão material

matéria
adquirida
é
tempo
perdido

por isso,
sofremos
dos males do corpo

e os espíritos,
cintilam.

Como se houvesse mais

atmosfera
carregada

de
n u v e m

em
contr a dição

hora
caminha
no céu

hora
flutua
meu
chão

INd

Insignifica

pequeno
ponto
de percepção

Revela ao seu redor

amplitude, divergência

direção

Mas, inaparente
imperfeição

Nunca proferiu sentença
que saísse de sua razão

Sua voz não se ouviu nos campos,
nem nos montes ou em meio às multidões

Modifica, ponto mudo
só as linhas
de sua própria
conclusão

Ao meu infinito: azul revestido de cor

dilata
vaso
de flor

retrata
sorriso
infantil

de
cor-de-rosa
pinta as nuvens
em
azul
pinta o amor

conjuga
verbo inventado

veleja, viajante

desfaz o destino
refaz o infinito

reluz,
pequeno lírio


Se é que há razão

só ainda não entendo
o que é necessário saber

se é que há razão para tal

uma tarde de verão
é tempo suficiente para sentir o necessário

Óh, céus

canto doce
em água doce
brilha os olhos
de quem jaz

sepulcros são
os corpos
de quem dança
nesta
roda

todos
nascemos
para tal:

brilhar
no escuro do céu
apagar
ao nascer do sol

Túneis

vivem em pálpebras -
águas turvas

derramam histórias
vozes, olhos, sussurros

entrelaçam
tempestade
e
tempo bom

es co rr e m
len t a m e n t e
em lembrança

são sugados pelo
quase-tempo
até a quase-inexistência

para então

de s ma n ch a r-se
no ar



mais nada

sobrou vazio
viveu vazio
vagou vazio

de olhar
vazio

em véu
varrido

varreu
o céu

Reduzido

retas
paralelas

se
aproximam
para ter

se misturam
para ver

estão
sobre
sob
entre

estão para ser
algo inexistente
:

de dois,
um

de um,
nada.

[Fluir

um banjolin audaz
inebria a minha consciência:

dedos dançarinos,
dança ondulatória

olhos rodam
braços rodam


até o teto,

roda sem parar.