Me achar

Como uma quente xicara de chá
Como o vento do nascer do dia
Como estralar os dedos, nadar no mar
correr na chuva,
Como estar sob proteção
com afago nos cabelos,
beijo na nuca, no olho
numa música calma e flutuante
fazem dançar os dedos,

Como estar em qualquer lugar
não estando em nenhum
Como ver as cores das coisas
ver as flores das ruas,
os postes, os raios de sol
Eu queria guardar esse dia, um só dia
Guardar, guardar, pra não esquecer, perder, deixar cair.
O que o tempo não vai apagar,
vai vir na primeira brisa da manhã
dando uma sensação boa, que eu não sei o que é.

Esta é uma música do Nevilton (www.nevilton.com.br)

Ela sempre soube
que seu maior valor
nunca coube
nem dizer
se pressupõe
que até o insensato vai perceber.

E nunca preocupou-se
em fazer crer
nem mesmo acreditava
poder fazer.

Mas um dia percebeu o seu poder

E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança

e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
conquistava outro alguém.

E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança

e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
aprendeu a viver.

Justa posição

Não há sentido em buscar
Não sei o que vou encontrar
O mundo gira, o mundo muda
Tudo que é estático
pode se transformar

São verdes florestas azuis
incansáveis questionamentos exaustivos
Muda seu corpo
Muda sua mente
Muda seu coração

Roda, rodinha, rodela
Muda minha posição
Vida, vidinha, viela
Gira na contramão

18:47

Todas as cores do mundo
moram dentro de mim
E toda mentirinha bem contada
me faz sonhar em nuvens
Eu sou o sol, quando o encontro
e facilmente transbordo
pois tem um rio dentro de mim
Desgovernado,
assim mesmo, como deve ser.

RE-RE-RE-RE

Ela olhou em seus olhos,
(ela sorria por dentro, ela sorria por fora)
pensou no queimar daquela floresta,
no derrubar dos prédios,
no fim do mundo em águas,
e decidiu construir
tijolo por tijolo,
um mundo novo
de novo.






Os lençóis da sua cama

O meu refúgio não tem matéria
E embora eu tente me apegar a tudo que vejo
O que é meu se foi pra longe
e diz não voltar nunca mais.



Embriaguez azul lunar

Um poço de egocentrismo
tentando transparecer
e ilustrar suas emoções musicais
em rostos e abraços.
É como se fosse possível
sentir qualquer aproximação
quando eu ouço qualquer música
que me toca.
Mas isso é meu. de mais ninguém
o chacoalhar dos meus pés,
as batidas do meu coração,
o estremecer do meu corpo,
quando ouço minha vida correr
nessa epopéia sonora.
Intrasferível será,
intransponível para sempre.

Erro

Eu estou fazendo tudo errado de novo
e de novo eu erro novamente
Eu não sei controlar o mundo
nem sei o que é controle
porque disso eu só ouço falar
Eu me engano, me engano
o tempo todo
e o tempo todo
eu quero mudar
Mas eu erro querendo
erro no tentar
e erro novamente
visando
contornar.

Penumbra

A noite propagou as mágoas
Molhou os lençóis de lágrimas
Transbordou até completamente esvaziar-se

Em palavras sufocadas.
Em soluços insolucionáveis.
Em vazio.

Não há só um dia,
que a escuridão não pese,
pese,
nessa leveza toda.





Costume

Se o sol está atrás da nuvem
então ele se esconde de mim
Se ele brilha, queima e vive livremente
então ele abusa de mim

Ter e não ter o sol
e simplesmente não entender suas vontades,


nem as minhas.

Onde vivem as almas

Eu não tenho rosto
Eu não tenho verdade
Eu não tenho cor
Eu não tenho vaidade
Eu não tenho massa
Eu não tenho idade
Eu não tenho casa
Eu não tenho cidade
Eu não tenho mundo
Eu não tenho sociedade
Eu não tenho ódio
Eu não tenho bondade
Eu não tenho corrupção
Eu não tenho honestidade
Eu não tenho inimigo
Eu não tenho amizade
Eu não tenho calmaria
Eu não tenho tempestade
Eu não tenho absurdo
Eu não tenho acertividade
Eu não tenho tristeza
Eu não tenho felicidade
Eu não tenho pecado
Eu não tenho santidade
Eu não tenho vida
Eu só tenho passagem.

00:20

eu senti que havia um buraco onde estava o coração
mas eu estava feliz
porque eu sorrio com os lábios.









Descoberta das seis da madrugada

O que havia no meio caminho
caiu sobre terra,
como todas as outras insatisfações
arquivadas no departamento de
'assuntos a tratar'
E o que o vento não levou,
foi perdido quando acionei
o ventilador
Nada vai ser diferente,
não,
nada vai mudar,


Só um desatino

não sei medir os absurdos
assim como conto os cortes dilacerantes
dos cacos de vidro
nem sei guardar segredos
quando queimam na garganta
desmancham palavra em projetil
Eu não vivo sem minha massa encefálica
e faço sua vontade,
sempre que requisitada
para transformar poema em lança
inocente criança
se arma em ego e vaidade
e sai a procura, da cura
em bocas,bolsos,bitucas,barricas
Cai na vida,
cai na vida.

Um pequeno resumo dos meus afazeres

Não tenho qualquer desejo ou vontade,
tirando dormir e comer
comer e dormir
Se for possível, o tempo todo.