O não-estado da matéria

anoitece, sem escurecer
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em labirinto estreito
preenchido passo a passo
por insinuações a esmo


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em linha de frente na batalha,
faz-se imperar Khrónos
insistente em contar hora,
mesmo em vida desregrada
...
universo que desaba
sobre as circunstâncias

de que vale correr mundo - (?)
a fundo (?) - quando no fim da jornada
só nos resta os resquícios das horas,
cravadas em lacunas vazias de memória
que logo, logo serão imagens escurecidas,

de uma noite mal-dormida
de uma noite qualquer.

Imã

vidrados, os olhos
em poeira cósmica
dominante
atraídos
por seus pólos -
opostos
por seus corpos -
expostos

pelos poros
sentir

quando a palma da tua mão
toca a palma da minha mão:
eletrodos em intensa conexão
caminha em corrente
de forma frequente

em plena luz,
mas sem razão

impulso nervoso
impetuoso -

em campo magnético singular
pulsando de ti, pra si, de si, pra ti
coexistindo em uma batida só.

Brancura Branda em Mundo Mudo

mal sei ser um
(não faz sentido)

me silencia
o inesperado
e logo já estou
vazio

pronto,
para começar
de novo
desfechos tão esquecíveis
histórias tão
ensaiadas

me mudo tanto que não mudo

fico mudo

mudo.

Sobre tudo

Afinal,

quem sou?
quem é?


Somos um?
Somos dois?

Somos mais?
Somos

nada,
nada,
nada,


nada?

Conta gota

a
ferida

vai
deixar

marca
para
sempre


eterna
será

enquanto
durar
a
lembrança


sopro
suave
em
meio

à ventania

um

sopro -

des
equili
brando

o todo.

Cores

O verde predomina livre, imprimindo a escuridão na beira do rio. O cinza do céu ilumina e entristece - não planeja partir.
Quando desce o primeiro raio de sol sobre minha fronte, me liquefaço.
Timidamente, a tristeza se vai e toma o seu lugar, o contentamento.

O infinito é azul.


E a finitude é uma cartela de cores variadas,
que nos faz alcançáveis -

de mutação em mutação,
um estado
um espiríto:

Permanecer azul.

A primeira faísca das tuas horas

intangível
instantâneo
ilegível

m u n d o
humano
lixo urbano
sanguinário
sorrateiro

monstro
pálido.