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Ela bateu na porta, se não me engano umas três vezes. Ninguém aparecia.
Inquieta, acendeu um cigarro e esmurrou a porta dessa vez. Passos e vozes.
- Quem está ai?
- Eu vim pra reunião.
- Seja bem-vinda.
A porta era de uma madeira escura e pesada e fazia a segurança de uma casa branca e quase que sem móveis.
Havia um sofá de um azul desgastado com uma escrivaninha ao lado e isso era tudo que havia na sala. Ela foi entrando e o próximos cômodos estavam todos com as portas fechadas, o que impossibilita nossa visão.
O homem que abrira a porta se vestia todo de preto e ao abrir a porta da sala de reunião revelou mais pessoas vestidas assim.
Ao entrar na sala, ninguém a cumprimentou e com a cabeça baixa sentou em uma cadeira próxima à saida.
Vestia sandálias coloridas e roupas de sarja, se destacando entre os presentes.
Um homem de olhos pintados pediu silêncio.
As vintes pessoas que estavam na sala se calaram, por medo ou por respeito.
O homem começou o discurso e só o que se via eram olhos vidrados naquela figura persuasiva.
Ninguém ousava piscar.
Como alguém que acorda de um coma, ela se levantou.
Pânico na platéia.
- O senhor me passa a palavra?
- Senhorita, como ousa interromper-me?
- Sinto-lhe informar senhor, que seu discurso não passa de besteiras bem colocadas que quase ironizam com a situação em questão, onde macacos treinados para serem homens assumem posição de macacos treinados para serem seus homens, se esquecendo que o senhor é também um macaco.
- Pegue suas coisas menina e deixe este lugar, você não merece estar aqui.
- Eu não quero que eles acreditem nas suas palavras.
- Então espalhe por si só as suas e deixe que das minhas eu faça o que quiser.
Ela levantou-se e as suas últimas palavras voaram como penas pela sala.
- Quando eu proferir qualquer coisa, vai ser pra propagação da idéia como salvação e não pela salvação de qualquer idéia.
E tanto fez, que foi como se sua mensagem tivesse grudado nas paredes do lugar.
E morrido lá mesmo, junto com os ideais de todos os povos.



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