O último cartão postal que eu recebi, foi há tanto tempo que mal me lembro.
Eu estive há tanto tempo me preocupando em esquecer, que hoje não consigo lembrar de quase nada daquele homem.
Eu me recordo de seus olhos azuis, tão azuis. E me lembro de sua barba comprida, um chapéu bonito que usava, me lembro dele na beira do rio, sorrindo para mim.
Ah, quantas noites eu estive chorando, por uma simples imagem de um homem no rio. Algo que eu mesma fiz importante.
Eu vi tantos homens iguais a ele e olhei em tantos olhos como aqueles. Não sei porque infelicidade não conseguia esquecê-los.
E o tempo passou e conforme passava eu juntava uma legião de futuros maridos, de futuras famílias, de uma futura felicidade, que não chegava nunca.
E eu nunca parei de sonhar com a nossa casa, com a nossa vida, com o silêncio tão confortável dos nossos dias.
Até que um dia, eu o vi novamente. Uma dor dilacerante invadiu-me o peito, fiquei queimando em brasa, lentamente. Lentamente eu fui sentindo todo tempo que passara, tantos anos vivendo de ilusões, esperando por algo que nunca existia na realidade, só em sonho.
Então eu escolhi uma casa bem bonita de se viver, um homem muito fácil de se amar, uma lindas crianças com a nossa cara, vasos brancos, louça branca, balanços nas árvores.
Como te disse, ele me mandou um postal certa vez. Eu já vivia aqui, feliz da vida.
Deixei na estante da sala para brincar com as crianças, não sei onde foi parar. Nunca mais ouvi falar.
Simplismente senti-me verdadeiramente a protagonista desta historia!
ResponderExcluirReal total pra mim.. ilusão, fantasia, quantas vivi de verdade, senti de verdade, até presenciei em meus sonhos tal utopia!
Saudades de vc menina!
Beijos e mais beijinhos ;*