Contanto que razão não faça

sentou-se naquela cadeira preta, conjunto da mesa redonda. pôs os pés para cima e curvou o pescoço para ver o céu. grande, pensou. azul assim, me faz lembrar um dia. mas qual?
olhou um instante para dentro da casa, observou o tempo passando para tudo. não que tenha visto isso, mas isso estava escrito de alguma forma, impregnado de lembranças, dos azulejos amarelos até o piso gelado pelo qual havia sido proibido pisar de pés descalços. a imobilidade da casa só a faz mais rica, ao contrário do que se imagina. as imagens comoveram aos poucos, a ponto de aquietar-se em um longo minuto. embora suas feições parecessem dizer algo, não tem sido fácil penetrar em tais pensamentos.
quanta coisa estranha, foi a primeira coisa que saiu da boca. junto a um sorriso tímido e uma respirada ofegante.
o sol estava fazendo sombras. que engraçado, pensou. pensou em pintar o chão daquela forma e depois em colorir alguma página daquele livro pequeno.
hum, preciso ficar velha.
vou dedicar-me duas horas para o projeto, dois dias da semana para estudar aqueles livros, correr todas as tardes, procurar um emprego e decidir logo essa história de graduação.

hum, preciso decidir essas coisas.
hum, acho que café seria bom agora. daqueles saindo fumaça.
vou pegar meu livro, o colchão e deitar aqui. hum, nessa sombra. ah ah, olha lá o cachinho de uva! nossa, já tá roxo desse jeito! olho outro! olha quantos!
mãe! vem ver isso aqui!

E o destino de todos planos escritos, era ser prontamente descartados.

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