Tudo não passa de um equívoco, disse a mulher.
Ela olhava fixamente para os olhos do rapaz, transpassando toda sua calma azul.
Tinha cabelos esquisitamente coloridos e estava com a maquiagem derretendo, como se tivesse dormido da mesma forma que acordou, instantâneamente.
Ele usava botinas surradas e esbanjava um sorriso singelo, de satisfação inocente. (Criança com brigadeiro)
Oi, oi, você está ouvindo o que eu estou falando?!
Não, disse o rapaz.
Os sentimentos eram distintos, o cheiro dizia aquilo, as cores, as expressões faciais, corporais. Qualquer alguém perceberia, só não o rapaz-estátua.
Olha sinto muito, mas eu estava dormindo e não vou perder meu tempo aqui com você, seu maluco. A raiva da mulher dizia isso, mas ela não proferiu palavra alguma, pois nessa hora, o rapaz tirou do paletó uma florzinha miúda, com folhas pequeninas, num copinho de café. E disse: Boa noite senhora, vim lhe desejar bons sonhos.
Então esboçou algo que parecia ser um sorriso e virou as costas.
A mulher permaneceu parada à porta, não compreendia nada, só sentiu o momento que ali estava.
As cores dançaram se aproximando de tom, o vento tinha um só sentido, o cheiro era doce e facilmente identificável.
Então ela soube o que era ser estátua.
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