Levantava-se tarde. Quase nunca penteava os cabelos.
Vestindo flores calçava seus chinelos preferidos, que costumavam ser brancos.
Saia pela janela e atravessava sem olhar a rua.
Sorria para desconhecidos mas não como se os conhecessem,
como se não conhecesse mesmo.
E ria sozinha. Porque ela era a razão de toda a sua felicidade.
Cantarolava paródias de suas músicas preferidas porque não lembrava as letras.
Corria sem motivo e pra lugar nenhum. Só gostava de sentir o vento desmanchar seu penteado.
Gostava de ter um penteado mas nunca conseguia mantê-lo, então não tinha penteado nenhum.
Não achava necessário estar certa, mas pra ela era imprescindível estar em paz.
Ouvia quando necessário e falava mais do que.
Abraçava as pessoas porque gostava delas e sorria para elas por isso.
Não conseguia dizer mentiras, pois lhe jogaram uma praga.
Falava que um dia ia pra lua e um dia ela foi mesmo. Deu dó de ver.
Ela foi sumindo aos poucos, ficando branca, branca, branquinha.
Até que virou luz e então subiu aos céus.
Como só mais uma esperança que morre.
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