Raras são as vezes eu experimento o frio do centro da cidade pela noite, mas sempre que isso acontece eu tenho a oportunidade de presenciar uma mesma situação, que sempre se repete (em gênero, número e grau) e vive partindo o meu coração, mas parte-o de um jeito bom.
Eles passam por mim, sempre que estou lá. São um trio, mais uma quarta pessoa junto a eles, porém se vê que é apenas um acompanhante. São eles: um homem, uma mulher e uma criança.
A mulher é uma moça de 30 vestida como uma senhora de 50, seu marido é um homem de jeito simples que aparenta ter lá uns 40 anos de sofrimento e a criança é alguém de 9 ou 10 anos.
A mulher carrega nos braços livros e cadernos e em seu corpo aparenta carregar uma criança. Ela, o homem e o filho andam de mãos dadas. Não sorriem nem conversam, mas também não parecem estar tristes.
Eles não tem nada demais e quando eles passam ninguém percebe. A não ser por mim que tenho por companhia o vento.
Eu os olho e penso na coragem daquele homem e na força que existe nas pessoas.
Familia não é viver debaixo do mesmo teto e comemorar aniversários. E amor não é pagar as contas.
Familia é aquilo: andar no frio, esperar o ônibus e chegar tarde em casa para acordar cedo no outro dia. Familia é estar junto, ficar junto, suportar junto.
E amor, bem, não sei realmente dizer, mas eu vejo amor naquela gente. E me orgulho deles. Um dia eu quero ser feliz assim.
Amor-real.
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