Clarice despertou do coma.
- Olhos. Olhos. Tenho olhos.
Sentiu o tecido suave do lençol de sua cama de hospital.
Mexeu os dedos devagar, provando a textura dos próprios braços. Arfou profundo, desacreditando.
Aos poucos foi movimentando os quadris e as costas dançavam sobre seu antigo leito. Desmoronando-se,reerguendo-se (...)
Solidificou-se, liquefez-se, evaporou si mesma. Tornou-se ar novamente.
Borbulhava por dentro, como nunca antes sentira. Queimava ardentemente, incrédula sobre a beleza de ser.
- Santa consciência.
E ligada, agora somente em si, desvencilhou-se do suco das máquinas que sugavam-lhe gradativamente a autonomia.
Fechou os olhos, por escolha própria. Fez o mundo obedecê-la.
Subitamente, despertou outra vez.
Adiou o relógio para mais dez minutos.
E ligeiramente se pôs de volta ao coma.
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