Devaneios de verão

eis
que vaga
solitária

flor de
ins pi ra
ção

reflete na água
um moinho
um balão em seu caminho

cinco

estrelas

na

sua

mão

A última das dezoito horas

Os carros passam cada vez mais velozes
para se ver se colidem em seus sonhos

os braços prosseguem perseguindo
irreais sensações das agulhas de morfina
querem ver destruir: vida apodrecida

correm,
para alcançar
destino

mas, cegos
tateiam
no escuro
as
infinitas
possibilidades
que no
finito
nunca
vão
alcançar

e é no finito,
que os cegos
buscam

e em finitude
que vão
se acabar.

Poeira amarela sobre as castanheiras

esqueceu-se de partir

de mim

e me deixou, sem deixar

enxeu o cilíndro
de si,
que é para o pulmão,
o ar

racionaliza-se
o combustível
e fica suspenso
o suspiro

até quando
a metade
da metade
do universo
regressar.

O que os faróis disseram

o que tira-me
o sono
é a falta
de exatidão

ou a
não-falta

_

afinal,
a certeza
do amanhã
e a incerteza
do amanhã

é o que
consome
a vida

futilmente
dividida

em
temer
o
depois

ou

não
ter o depois
para temer

E mais nada

retorce
o
corpo
e
exauri

em
des
cons
tru
ção

celular



desintegra

po
uc
o-a
po
uc
o


em fio de fumaça
tragada de ar

quando
de
mim
brancura
surda
sorrateiramente
se
aproxima

toma-me
melanina
e reduz
coragem
ao pó

escorre
em olhar
concreto
desgastado

estão
zerados:
os corpos
os ideiais
e as revoluções

escorre,
t ra ns bo rda

e no rio,
corre a jangada.

dez pra hora

corre
pelas
veias

disfarçada

asfixia
tubular

contra
ditori a
mente

reveste/revira
preenche/esvazia

enxe
o pulmão
de ar

_