Onde não estamos

O olho vê,
O coração pulsa,
O mundo gira,

A cabeça entende,
A hora agora,
A gente sempre.




Desligar pra quê?

Não precisamos de Satélites que carece de cabos
Ondas Invisíveis, pra quê? Pra quê?

Eu só preciso das minhas pernas pra chegar até você

Pra processar minha menssagem só ouvidos não bastam
Eu quero que você veja mais do que um olho vê
Você não me desliga e eu não desligo você

Jogue fora sua antena queime seus receptores
Tudo está ao seu alcance ao seu alcance
Tudo,tudo está ao seu alcance...
Pois eu nasci com duas pernas cabeça tronco membro pra chegar
Tudo tudo está ao seu alcance pois eu nasci com tudo
Pois eu nasci com duas pernas cabeça tronco membros só pra chegar até você, até você...

Mundo livre s/a - ligação direta

Motivo para prosseguir

Eu pude ver nos espaços entre as nuvens,
o que eu não via há muito tempo.
A lua iluminou os caminhos,
mas mesmo assim a beleza da situação, continua me deixando perdida.
Como se não existisse pensamento pertinente que case com o que vejo,
Começo a lembrar e o meus lábios,
mesmo que se movam muito timidamente,
esboçam a alegria da lembrança.
Tanto do que recordar nos mais singelos movimentos.

Não sei se o mundo ao redor percebe esta minha satisfação,
de ter céu e ter porque sorrir
e sutilmente dançar.

Dongolongo

O monstro estava debaixo da cama. O balde estava meio cheio de agua fria, meio cheio de sangue.
Eu estava na estante .


E a noite corria para fora da janela.

sem rumo.

Um novo fim e um novo começo

De tempos em tempos
eu construo castelos
de cartas
e é por esse motivo que
De tempos em tempos
eu vivo desmoronamentos.

A mobília do meu mundo
é alegre e fluante
e também invisível
e quando eu lembro o porquê da mobília
eu me culpo por fazê-la assim.

Meus acontecimentos são memórias
que nunca existiram.
E me julgam louca, os que não enxergam
meus castelos, meus cavalos, meu reinado.

Pois eu sou fruto do absurdo, do improvável
do mais destinado e planejado acaso.

Eu sou o filho do mundo.


Caminho vazio

Eu estive pensando
e sim, minha cabeça
tem doido muito.
Eu vi as nuvens e
o sol se pôr pela janela,
lembrei de tanta coisa.
Coisas que eu não queira
mesmo lembrar,
mas que não saem
do meu pensamento.
Eu tenho chorado
sem chorar
e sofrido sorrindo.
Eu finjo que as coisas vão bem
e elas não estão tão boas assim.
É medo, é luto,
é falta, é saudade
é tudo o que eu sinto,
em tudo que eu vejo.
E vendo a felicidade eu sinto tristeza.
Eu sinto por tudo
que está errado ao meu redor.
Me cansei de tanto pensar,
me canso de ver, de falar.
Me canso de estar cansando.
Me canso de querer a tudo,
que eu quero tanto.

O que eu fiz de importante

O último cartão postal que eu recebi, foi há tanto tempo que mal me lembro.
Eu estive há tanto tempo me preocupando em esquecer, que hoje não consigo lembrar de quase nada daquele homem.
Eu me recordo de seus olhos azuis, tão azuis. E me lembro de sua barba comprida, um chapéu bonito que usava, me lembro dele na beira do rio, sorrindo para mim.
Ah, quantas noites eu estive chorando, por uma simples imagem de um homem no rio. Algo que eu mesma fiz importante.
Eu vi tantos homens iguais a ele e olhei em tantos olhos como aqueles. Não sei porque infelicidade não conseguia esquecê-los.
E o tempo passou e conforme passava eu juntava uma legião de futuros maridos, de futuras famílias, de uma futura felicidade, que não chegava nunca.
E eu nunca parei de sonhar com a nossa casa, com a nossa vida, com o silêncio tão confortável dos nossos dias.
Até que um dia, eu o vi novamente. Uma dor dilacerante invadiu-me o peito, fiquei queimando em brasa, lentamente. Lentamente eu fui sentindo todo tempo que passara, tantos anos vivendo de ilusões, esperando por algo que nunca existia na realidade, só em sonho.
Então eu escolhi uma casa bem bonita de se viver, um homem muito fácil de se amar, uma lindas crianças com a nossa cara, vasos brancos, louça branca, balanços nas árvores.
Como te disse, ele me mandou um postal certa vez. Eu já vivia aqui, feliz da vida.
Deixei na estante da sala para brincar com as crianças, não sei onde foi parar. Nunca mais ouvi falar.

Eu te disse

Com os olhos vidrados eu desmoronava,
eu estava e não estava ali - eu não queria estar

Eu queria ouvir o ranger dos dentes na hora de dormir, queria que o tempo não tivesse passado tão depressa.
Queria não ter errado tanto.

Amabilidade

O frio alcançou meus pés,
pela água da chuva que lavou a calçada.
Em um noite sem lua,
correndo na rua,
eu vou.

Vou até onde sei que posso ir,
mas tantas as surpresas me parecem agradavéis,
que a cada milímetro de abertura desta fresta,
só me mostra o lado lindo da floresta.

PPP's

eu perdi o sono,
mas ganhei café da mãe e tatuagem de criança.

Eu deitei ao lado da coisa mais linda do mundo,
de dentes pontiagudos mais bonitos que existem,
de pele macia, bochecha rosada, cabelo encaracolado
de olhos de um azul sem fim,
que olha sapeca,
sorrindo para mim.

Colcha

Veio, de onde nasce o sol
beijou-me a fronte,
abraçou-me, desesperado pelo meu consolo
e eu o levei pela mão, para onde se via as nuvens.

Berço

Bobagem
para o café da manhã
e risos na sala
quando são três horas

durmo no sofá e tenho febre.
acordo de cabelos despenteados.
sem meias e sem cobertor.
tonta e com calafrios.

Enquanto isso, você

foge para se divertir.
ou trabalhar.
ou tanto faz.

E eu só o encontro pela noite,
jogado na minha cama com minhas meias.

Eu não queria ter gostado de você.
Mesmo.

Meia-lua

Leve-me,
solte-me,
faça-me reagir

e gargalhar sempre que for preciso

mostre-me
para onde ir
e se necessário guia-me
segura-me forte em
seus braços
e toma-me a sanidade.

Acalanta-me e
beija-me e
sinta-me e
viva-me.

O último a saber

Você acha que me engana,
acha que sou a tola que aparento ser
Eu sou igualzinha a você
e também sei fingir.
Sei aceitar e sei discutir,
eu sei o que falar e de que forma agir.
E assim, exatamente como você
eu também não sei pra onde ir.

Primeira luz do dia

o dia vem e o dia vai
eu o vejo sorrir logo pela manhã
entre os corpos lentamente adormecidos.

Eu acordo e sou o outono desta primavera,
a brisa que entrou pela janela,
o café quente
do pão quente
da mesa fria,
sou
as meias compridas,

eu sou as botinas,
e também aquele amontoado de cobertores na cama.

E quando saio da toca e pé direito pisa a rua,
ele é rua

eu sou rua, carro, cachorro e correria
eu sou o raio de sol que clareia o dia.

eu sou palavra, sou prosa,
sou logo que acordo:
poesia.