é preciso ser a força e também os olhos. é preciso ver, rever, ler, reler, escrever, reescrever, criar, recriar, fazer, refazer (...) é preciso ser constante. e tolerante, quanto as andanças do eu, do outro, da vida que corre paralela. não seguir o manual e sim seguir com a vida. e tropeçar e cair tropeçar ficar tropeçar levantar tropeçar e só tropeçar é preciso saber.
é preciso saber da verdade de boca, de alma de olhar
e mais que tudo é preciso enxergar o tropeço, a força, a regra, a lança, a palavra, a lembrança e é preciso seguir seguindo.
a onda leva, como um redemoinho, rondando a vida da gente, movendo de dentro para fora, trazendo para perto o antes marginal, tocando todo o ser, dançando por toda a pele, trançando toda dança, descendo mundo abaixo, mais para dentro de si, pro' lado obscuro do teu.
mais vivo. mais tenso. mais denso. mais senso.
a mesma rota percorrida várias vezes, na correnteza de nome próprio, no leito tranquilo do Eu.
A divina conclusão surge na última hora da madrugada. Clareia passivamente a mente, como o sol ilumina o dia. E os olhos recebem os primeiros raios da divindade. Ao descanso do corpo - tolerante quanto às despedidas - até a salvação dos finitos resquícios de sanidade. É preciso dormir, para então acordar, como é Lóry em sua aprendizagem. Quiçá o destino conheça a si mesmo. E não há de se preocupar com as forças, nem as da física ou da complexa metafísica. Serão sublimes, em suas imperfeições e enquanto perfeitas, suspensas - para e sobre os sonhadores.
Quando me diz inquieto: - eu quero. Me abre uma chaga no peito, feroz. Queimando, me pego pensando: - não devo. E o diálogo só nos faz menor. Me conta que está decidido - de encontro, que quer ser comigo uma pessoa melhor. Mas mesmo para ser amigo, não pode negar o perigo de juntos - sermos um só. E o querer não me faz contente, pois há algum tempo insistente só vamos de mal a pior. Enquanto falamos às gralhas, rolamos em fogo de palha - em delírio, em suor.
fecho os olhos e deixo-me submergir nem contra ou a favor sou só ausência. de volta à superfície inclino-me a ser parcial em corpos e ouvidos n'agua e olhos atentos ao céu. ofuscados pela luz, torno-os adentro do meu eu eu sou carne e compreensão um corpo boiando no infinito, inquieto quanto ficar, indeciso quanto deixar